Em um domingo marcado por cores, sons e, acima de tudo, sentimentos, o Sesc Olho d’Água foi palco de uma das celebrações juninas mais significativas do Maranhão: o III Arraial da Inclusão. Idealizado pelo deputado Neto Evangelista (União), o evento foi mais do que uma festança — foi uma declaração de respeito, afeto e pertencimento a todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou cognitivas.
A cada detalhe pensado, o arraial mostrava que incluir é mais do que permitir o acesso: é criar experiências que acolham verdadeiramente. Com apoio da Assembleia Legislativa do Maranhão e do Governo do Estado, o evento reuniu um público diverso em um ambiente cuidadosamente adaptado, repleto de cultura, alegria e inclusão real.
“Nosso objetivo é garantir que pessoas com deficiência participem plenamente das celebrações juninas. A inclusão precisa estar presente em todos os espaços da sociedade, inclusive nas festas tradicionais que fazem parte da nossa cultura”, declarou o deputado Neto Evangelista, que vem se consolidando como uma das vozes mais atentas às pautas da diversidade no estado.
Cultura com respeito e pertencimento
No palco, a tradição maranhense brilhou com apresentações do Boi da APAE, Boi de Morros, Boi de Nina Rodrigues e o show vibrante de Augusto Neto & Banda. Mas o brilho não estava apenas nas coreografias e nas músicas: estava no olhar emocionado de mães como Renata Araújo, que pôde, pela primeira vez, curtir um arraial com o filho autista em um ambiente que respeitava suas necessidades sensoriais.
“Nem sempre conseguimos participar por conta do barulho ou da falta de compreensão. Aqui, encontramos um ambiente acolhedor, com adaptações reais”, contou Renata, entre lágrimas e sorrisos.
Estrutura que acolhe
Rampas, piso modular para cadeirantes, intérpretes de Libras, audiodescrição, abafadores sonoros, espaço sensorial e psicomotor, barracas com cardápio em braile, brinquedos acessíveis — tudo foi pensado para garantir não apenas a presença, mas a autonomia e o conforto de cada pessoa com deficiência.
“Hoje, pude ver minha filha, que é cadeirante, circulando com independência em um evento junino. Isso é raro, quase nunca acontece. A sensação é de gratidão”, relatou Luciana Carvalho, emocionada ao ver sua filha de 10 anos dançando ao som do boi com os outros.
Além do forró e da quadrilha, o arraial também foi palco para o empreendedorismo local. A Vila Food e o espaço do empreendedorismo reuniram barracas comandadas por pequenos produtores, artesãos e culinaristas que tiveram a oportunidade de vender seus produtos em um ambiente democrático e acolhedor.
Para a vereadora Thay Evangelista, o Arraial da Inclusão representa uma mudança concreta na forma de organizar eventos públicos.
“Cada detalhe foi pensado para mostrar que é possível fazer eventos acessíveis, acolhedores e representativos. As pessoas com deficiência precisam ser vistas, ouvidas e sentidas — com respeito e dignidade.”
O III Arraial da Inclusão não foi apenas uma celebração cultural. Foi uma prova viva de que o afeto também se constrói com acessibilidade. Que a alegria é um direito de todos. Que cada rampa instalada, cada intérprete presente, cada espaço adaptado é, na verdade, uma ponte para um mundo mais justo.