Audiência debate educação inclusiva nas escolas: “Não é um grito de favor é uma luta por direito” – Neto Evangelista

Audiência debate educação inclusiva nas escolas: “Não é um grito de favor é uma luta por direito”

Investimento na capacitação de profissionais da rede pública de educação e de defensores públicos no que diz respeito a questão educacional foram alguns dos compromissos firmados, na audiência pública com o tema “Educação Inclusiva em escolas públicas e privadas”, realizada na última quarta-feira (30), pelo presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e das Minorias da Assembleia Legislativa, deputado estadual Neto Evangelista.

O objetivo foi debater as políticas públicas que sustentam a educação inclusiva e os principais entraves que estão sendo enfrentados pelos estudantes e seus familiares.

“Nossa intenção foi reunir diversos órgãos públicos que executam a política de educação para ouvir a sociedade civil e a partir daí buscar encaminhamentos conjuntos para assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência”, disse Neto.

O parlamentar explicou que irá apresentar na Assembleia uma indicação para alocação de recursos no orçamento para capacitação de profissionais da rede pública de educação. Outros encaminhamentos ficaram para o relatório da audiência pública.

O evento reuniu estudantes, pais e familiares de pessoas com deficiência, representantes do legislativo municipal e estadual, do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados, além de representantes do governo do Estado, da prefeitura de São Luís e de entidades que garantem os direitos das pessoas com deficiência.

Relatos

Durante a audiência, estudantes, bem como, pais e familiares de pessoas com deficiência fizeram vários relatos, em sua maioria, verdadeiros absurdos por qual passaram no ambiente escolar.

Alan Rodrigues, autista, fotógrafo e estudante de filosofia, contou que enfrentou muitos obstáculos ao longo de sua trajetória.

“Cresci na escola pública, tive várias crises no ambiente escolar, fiquei reprovado e a professora me chamava de lerdo. Isso foi um baque pra mim, me desanimou muito, mas minha mãe não deixou eu desistir da escola. Apesar das dificuldades, eu sou um milagre. Nós autistas somos capazes de nos comunicar de modos diferentes. Somos capazes de ocupar qualquer lugar”, destacou.

Luiza, avó de autista, fez um desabafo carregado de muita tristeza e revolta. “Minha neta foi brutalmente agredida pela tutora dela no rosto. Um dia ela disse que não gostava da professora. Eu perguntei o que tava acontecendo. E ela respondeu: vovó a tia bateu no meu rosto. Eu perguntei o jeito e ela sinalizou com uma mão e com a outra. E o que mais me dói é que todas as vezes que ia buscar ela na escola, que era três vezes na semana, ela dizia vovó o sapato da tia, ela falava como era o sapato e eu só entendia que aquele sapato, aquele pé, chamava atenção. Eu só entendia que ela tinha algum hiperfoco em sapato. E não era isso. Minha neta foi, durante anos, machucada pelo pé daquela pessoa – a professora. Depois que ela conseguiu verbalizar ela citou outros colegas autistas que passavam pela mesma coisa naquela escola”, lamentou.

Luíza relatou também que muitas vezes a neta fora chamada de idiota e tudo isso fez com que sua neta resistisse ir à escola e mais do que isso ela começou a retroceder em todos os avanços que ela teve, chegando a ter enurese fazendo xixi em todos os cantos da casa.

“Minha neta compreende tudo, ela tem dificuldade de verbalizar, mas ela é um gênio. Domina outras línguas, percebe qualquer olhar diferente pra ela. O que a gente quer pros nossos filhos e netos é autonomia. Não somos eternos e queremos que eles consigam viver sem a a gente”, desabafou Luíza chorando.

Poliana Gatinho, mãe de autista, disse que está cansada de levar o peso de tudo nas costas. “Eu, assim como todos os pais, mães e familiares de pessoas com deficiência estamos cansados e adoecendo. Aqui é um grito de socorro, pela inclusão. Não é um grito de favor é uma luta por direito”, finalizou.

@netoevangelista

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